segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Um poema, um pensamento, o sonho e o lento acordar


"Não dorme sob os ciprestes,

Pois não há sono no mundo.

O corpo é sombra das vestes

Que encobrem teu ser profundo

Vem a noite, que é a morte,

E a sombra acabou sem ser.

Vais na noite só recorte,

Igual a ti sem querer.

Mas na Estalagem do Assombro

Tiram-te os Anjos a capa

Segues sem capa no ombro,

Com o pouco que te tapa.

Não tens vestes, não tens nada

Tens só teu corpo, que és tu.

Por fim, na funda Caverna,

Os deuses despem-te mais,

Teu corpo cessa, alma externa,

Mas vês que são teus iguais.

A sombra das tuas vestes

Ficou entre nós na Sorte.

Não estás morto, entre ciprestes.

Neófito, não há morte.

Então Arcanjos da Estrada

Despem-te e deixam-te nu."

Fernando Pessoa

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Procuro...


Ando à deriva. Procuro a entrada da caverna. Mas não é uma caverna qualquer. Procuro a caverna que me dará acesso a um sítio único, onde o espaço-tempo se dissocia, restando apenas o espaço. Aí, o tempo pára, a iluminação é escassa e ainda assim é como se tivesse sido acolhido no interior de Gaia, deusa da Terra. Finalmente poderei preparar-me para minha busca. O caminho será longo e cheio de obstáculos, onde caminharei à mercê dos 4 elementos. Será perigoso? Será que consigo? A dúvida permanece. Apenas o tempo o dirá.


"V.T.R.I.O.L"

O Regresso


Tal como a Fénix, este blogue renasce das cinzas a que estava remetido.


Depois do Caos... a ordem!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

A Saudade


É curioso como situações tão banais do nosso quotidiano podem-nos fazer reflectir sobre temas tão fascinantes como, por exemplo, a saudade. O que é a saudade? De onde vem? Porque é que a sentimos?
Etimologicamente, esta palavra tem a sua origem na palavra latina solitatis, que designa solidão. Este sentimento surge das profundezas do nosso ser e alimenta-se da ausência de algo ou alguém. Ausência essa que pode e deve de ser encarada como uma forma de solidão. Mas o que me fez realmente reflectir nesta temática foram as sábias palavras proferidas por um amigo e colega de prática. Segundo ele, a saudade não deve de ser encarada como um sentimento negativo, aliás é bom sinal possuir a saudade. Pois a saudade faz-nos relembrar apenas os bons momentos e as coisa que gostamos. Ter saudade é provar a nós próprios que temos coisas boas para recordar. E eu, humilde aprendiz da Vida, não posso deixar de concordar...

segunda-feira, 1 de junho de 2009

A Morte na Perspectiva Cristã


Seguindo a sugestão do José Ruah, começo hoje o ciclo de textos sobre a visão da morte nas várias religiões. Na religião cristã, o tema da morte está intamente relacionado com o Jesus de Nazaré. Defende esta crença que Jesus venceu a morte rescucitando ao 3º dia, abrindo assim as portas para o seu Reino. Aqui gostaria de fazer um pequeno "parêntesis". Na minha opinião, a morte traz dois problemas incontornáveis: a cessação da existência e o esquecimento. Vencer a morte pode ser também sinónimo de prevalência da memória dos seus ensinamentos, actos, etc.
Para o cristão a morte não é o fim, não se trata de uma cessação mas sim da separação da existência, com a passagem do tempo para a eternidade. A morte traz consigo a cura de todas as doenças físicas e espirituais, assim como o término de todos os pecados. É, no fundo, a salvação final e a ascensão para junto do Criador. Gostaria de terminar este texto com uma frase de Eclesiaastes publicada na Septuaginta (Eclesiastes 7:1):

"Melhor é a boa fama do que o melhor ungento, e o dia da morte, melhor do que o dia de nascimento de alguém."

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Agradecimento


Bom este blogue está um pouco mais internacional dado que já foi referenciado noutro blogue. O Devaneios de Fim de Tarde é um sítio que aconselho a visitar, pois apresenta temas muito variados e muito divertidos. Queria também aproveitar para fazer um pequeno comentário à autora do mesmo. A Mana Jóia (carinhoso nome de faculdade cuja origem é demasiado extensa para ser aqui postada) é alguém que me marcou muito pela positiva. Conheci-a no meus primeiros dias de faculdade (na altura como caloiro) e desde cedo ela se prontificou para me auxiliar naquela nova vida. Desde então, muita coisa se passou, partilhámos muitas horas de estudo naquela biblioteca, muitas horas a dizer porcaria (depois de 8h intensas de estudo pouco ou nada se pode exigir do cérebro), muitas conversas durante as aulas de fundamentos de química das 13h30... Enfim, seriam precisos dias afim a escrever para poder relatar todas as peripécias que vivenciamos juntamente com outros amigos e colegas. Mas o que é certo é que se gerou uma amizade para a vida, uma relação verdadeiramente de irmãos. Por esses motivos e muito mais, gostaria de apenas dizer:

Obrigado Mana Jóia! :)

E, libertando um pouco o "bichinho" da bonita tradição académica...

E PARA JÓIA NÃO VAI NADA, NADA NADA?????

TUUUDOOOOOOO!!!!

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Solidariedade


Na tradição cristã da religião, a vida solidária recebe o nome de fraternidade, ideia fundada pelos cristãos primitivos, sob a perspectiva de uma sociedade de irmãos, filhos do mesmo Deus, visto como Pai, conforme lhes ensinara Jesus. A sociedade de irmãos funda a igualdade na relação entre os seres desiguais, na medida em que os vincula a um propósito comum, assegurado pela crença no Deus único. É no âmbito da sociologia que a expressão recebe o nome de solidariedade, para caracterizar os modelos descritivos e normativos de sociedades comunitárias, dentro das quais os bens são repartidos para o usufruto comum e as acções são colectivamente praticadas, em regime de cooperação mútua. O que é certo, é que esta relação "dar sem querer receber" não é assim tão linear. Analisando o conceito em absoluto, na Natureza nada se dá em troca de nada e, portanto, essa atitude não fará parte da nossa natureza. De facto o nobre acto solidário carece sempre de uma gratificação egoísta. Mas atenção!! Não estou de modo algum a insinuar que todos agimos sempre em proveito próprio. Senão estaria a ir contra os meu princípios. Quando somos solidários com alguém esperamos sempre, consciente ou inconscientemente, uma gratificação egoísta. Mas esta pode ser de várias ordens: não só material (dinheiro, imóveis, etc), mas também moral (Por exemplo: porque nos sentimos bem com isso). Um outro exemplo é o de alguém que segue os ensinamentos da sua religião. Essa ajuda o próximo porque pode sentir-se bem com isso e porque contribui para poder ter uma melhor "vida" após a sua morte.
Apesar deste nosso egoísmo inato, eu acredito na solidariedade e acho que todos nós devemos de fazer um esforço para a praticar. Quer sejamos crentes nalguma religião ou não.