terça-feira, 19 de maio de 2009

Caminhando pela Porta que não tem Porta


Tal como prometido, hoje trago novamente o tema da "Porta que não tem Porta". Mumon Ekai (1183-1260), compilou os mais famosos koan ( problemas que o discípulo do zen deverá resolver, mas cuja solução não se atinge pelo pensamento intelectual) e no seu livro Mumonkan - a Porta sem porta, podemos encontrar este excerto:

O grande caminho não tem porta,

Milhares de estradas lá vão dar.

Aquele que atravessa essa porta sem porta

Caminha livremente entre o céu e a terra.

Bom tal como os próprios koans, eu serei um pouco paradoxal no sentido em que tentarei comentar este poema recorrendo ao pensamento racional. Para começar, uma porta sem porta só por si já dá que pensar, pois se não tem porta não é uma porta. Confesso que este conceito foi algo que me custou a assimilar a primeira vez que li este poema. O autor deste koan, descreve um estado diferente do normal, onde podemos compreender a Natureza desde a mais ínfima partícula ao maior dos cosmos.Este estado, vulgarmente conhecido como Iluminação prevê uma omnisciência tal, capaz de ser comparada à dos deuses. Saliento desde já que não foi esse o sentido com que eu fiz referência a esta "porta" neste post. Pretendia sim demonstrar que sempre que ultrapassamos dificuldades, melhoramo-nos a nós, lapidamos um pouco mais os nossos defeitos é como se transposessemos uma porta invisível, que não se vê mas que sabemos que a passamos. E claro tal como vem referido no poema muitos são os caminhos. Uns escolhem o caminho oferecido pelas artes marciais, outros o oferecido pela maçonaria e certamente outros escolherão outros caminhos que irão convergir no mesmo ponto do que os anteriores.


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