quinta-feira, 7 de maio de 2009

A Pedra Samurai


Iaido, literalmente “caminho do desembainhar da espada”. Esta arte marcial japonesa remonta ao tempo dos guerreiros samurai (sem dúvida imortalizados pelos filmes do mestre Akira Kurosawa) e à arte de matar com um único golpe de sabre. A partir do momento em que se entra no dojo (local de prática), o tempo pára, todas as preocupações mundanas e quotidianas ficaram do lado de fora do dojo, é como se nós morrêssemos e voltássemos a nascer. Então inicia-se uma série de rituais, tais como a a entrada no dojo ou saudação à arma.

Aqui não existem movimentos a mais, tudo tem um propósito, proporcionando-se assim uma grande precisão na execução nos movimentos de corte

À primeira vista esta arte não passa de um conjunto de técnicas que visam apenas derrotar o adversário, matando-o. Durante a execução das Katas (conjunto de movimentos que simulam um combate) lutamos contra um adversário que não existe. Alguém que nos ataca e que nos leva a desembainhar o sabre. Este combate solitário é muito mais do que uma coreografia e do que uma simulação de um combate mais ou menos bárbaro em tempos idos. Com o passar do tempo este adversário vai tomando forma (não, não toma a forma de alguém que não gostamos). Na verdade estas “lutas” possuem um sentido prático que se traduz no nosso ser. Quase inconscientemente vamos, e permitam-me os leitores maçons “pôr a foice em seara alheia” e utilizar uma expressão tipicamente maçónica, “lapidar a nossa pedra bruta” a partir de uma luta interior para derrubar não só os nossos preconceitos como também os nossos defeitos (pelo menos tentar minimizá-los).

Mais uma vez demonstra-se a universalidade dos princípios maçónicos (pelo menos do meu ponto de vista profano). O Iaido, o Aikido, entre outros, oferecem um caminho, não paralelo, mas sim convergente com o do método de aperfeiçoamento maçónico. Todos eles visam o aperfeiçoamento moral e espiritual do homem. Tal como Fernando Pessoa escreveu acerca do segredo maçónico (publicado neste blogue), nas artes marciais este “segredo” é algo intransmissível e pessoal. “É como um espírito, um sopro posto na alma…”. Cabe a cada praticante ir descobrindo-o por si mesmo, se essa for a sua vontade e se tiver o seu espírito aberto nesse sentido.

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